quinta-feira, 31 de março de 2011

COLEURB DENUNCIA POSSIBILIDADE DE ATAQUE A ÔNIBUS

Gerson Urguim/ON 

A Coleurb, empresa de transportes coletivos de Passo Fundo, protocolou junto à Delegacia Regional de Polícia uma ocorrência de notícia crime, relativa à possibilidade de que os ônibus da empresa possam vir a ser alvo de violência em protesto contra o reajuste do valor das passagens do transporte coletivo na cidade.

Os advogados da empresa afirmam que circulam pela rede social Facebook, na internet, comentários a respeito de violência contra os veículos e os usuários, que teriam partido de pessoas contrárias ao aumento proposto o valor das passagens. A ideia da empresa é fazer com que as autoridades de segurança pública, como a Polícia Civil e a Brigada Militar estejam cientes, caso as ameaças venham a tornar-se realidade. Os autores dos comentários na internet foram citados na denúncia à polícia, e eles deverão ser chamados a depor. Há inclusive a circulação de um boato de que os ônibus da empresa seriam atacados por bombas caseiras.

De acordo com o membro do Comitê Em Defesa do Transporte Público em Passo Fundo, Arthur Bispo, a denúncia é uma das formas encontradas pela empresa para tirar o foco da atenção ao reajuste da passagem de ônibus. “Em relação à notícia crime, somos um movimento pacífico, que agrega entidades de diversos segmentos. Somos completamente contra qualquer ato de violência”, afirma.

Fonte: O Nacional

COLETIVO NADA SERÁ COMO ANTES REALIZOU ATO NA UPF


terça-feira, 29 de março de 2011

“Tarifa não precisa pagar custo de transporte”

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Trinta e sete milhões de brasileiros sem acesso ao transporte coletivo, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por conta dos preços das tarifas; incentivos do governo federal à produção de automóveis, contribuindo para o aumento dos congestionamentos nas grandes cidades do país e, consequentemente, ampliando a crise de mobilidade urbana e as restrições ao direito de ir e vir. Na contramão deste cenário, uma decisão tomada pelo Comitê de Mobilidade do Conselho das Cidades (ConCidades, Ministério das Cidades) pode abrir caminho para uma política voltada ao benefício do transporte público: a tarifa zero. Esse é o entendimento de Paulo Cesar Marques da Silva, professor da UnB na área de transportes do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental. Trata-se do entendimento de que o custo do sistema de transporte não precisa ser pago pela tarifa cobrada dos usuários. Para Paulo Cesar, “o transporte é um serviço público e, como tal, não deve ser financiado por seus usuários diretos”.
Representante da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes (Anpet) dentro do Comitê de Mobilidade, Paulo César participou desta reunião, cuja pauta era discutir modificações do Projeto Lei 1.687/07, o Estatuto da Mobilidade Urbana Sustentável – uma espécie de versão do Estatuto da Cidade para o segmento da mobilidade. Apesar de o transporte coletivo ser uma atribuição municipal, o professor acredita que o Estatuto poderá ser aplicado por conta de repasses federais: “só Estados e municípios que estiverem de acordo com a lei poderão receber recursos da União para o setor de transportes”, sentencia.
Confira a entrevista:
d. - Como foi esta reunião em que o Comitê de Mobilidade decidiu pela distinção entre a tarifa e o custo do sistema de transporte?
Paulo Cesar - Eu pensava que o Projeto de Lei 1.687 havia sido abandonado, tal o descaso com que o governo vinha tratando do tema. Portanto, não sei qual foi a motivação da SeMob (Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana) para discutir os ajustes do projeto, nem sei de quem foi a iniciativa. Para nossa surpresa, nesta reunião a SeMob apresentou algumas sugestões. Foi aí que apareceu a diferenciação entre a tarifa de remuneração e a tarifa pública. Digamos que a essência dessa distinção já constava do texto original, mas de uma forma muito discreta e com todas as conseqüências que a imagem negativa do subsídio traz. A meu ver, a redação agora proposta tem o mérito de desvincular a tarifa (pública) do custo.
d. - As decisões do Comitê são automaticamente inseridas?
Paulo Cesar - O ConCidades se reúne ordinariamente a cada trimestre. Normalmente, o primeiro dia é destinado a reuniões dos Comitês Técnicos e os dois dias seguintes às reuniões plenárias. O Conselho aprova resoluções e outros documentos, quase sempre depois de discutidos nos comitês técnicos. Muita gente questiona o caráter não impositivo das resoluções do ConCidades. Quase sempre fica no nível de recomendações. Mas também foi lá que foram aprovados os projetos de lei de Saneamento, de Habitação de interesse social, o próprio programa habitacional atual do governo.
d. - Que resultado prático teria o Estatuto, já que a própria Constituição atribui aos municípios a administração do transporte coletivo, por exemplo?
Paulo Cesar - A Constituição, de fato, atribui aos municípios a gestão do transporte urbano, mas também manda a União (art. 21, inciso XX) “instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos”. No processo da 1ª. Conferência das Cidades e desde o início do funcionamento do Comitê, a idéia de cumprir o dispositivo constitucional ficou marcada com a vontade de elaborar um Estatuto da Mobilidade Urbana Sustentável, a exemplo do que é o Estatuto da Cidade. Creio que o principal efeito prático de uma lei de diretrizes, respeitando a autonomia dos entes federativos, será o condicionamento do repasse de recursos federais - só Estados e municípios que estiverem de acordo com a lei poderão receber recursos da União para o setor de transportes.
d. - Que avaliação geral pode-se fazer do projeto de lei como ele está?
Paulo Cesar - O Estatuto da Mobilidade é ainda um projeto de lei, portanto não produz efeitos. Se vier a vigorar, creio que o Estatuto não favorecerá qualquer setor em particular. Ele criará, sim, um ambiente de negociação para permitir a pactuação do Plano de Mobilidade. Fazendo um paralelo, é mais ou menos o tipo de mecanismo que o Estatuto da Cidade prevê com os Planos Diretores, sem ferir a autonomia dos municípios. O Plano de Mobilidade tem uma série de requisitos que podem assegurar conquistas para a população. Por exemplo, há exigências de controle social que são avançadas em relação ao que existe hoje nas cidades. Mas tudo vai depender da capacidade de mobilização dos setores em suas cidades.
d. - Além desta notícia sobre o debate dentro do Comitê de Mobilidade, vemos pipocar idéias progressistas até mesmo em documentos de associações de empresários de transporte, como a defesa do subsídio às gratuidades (para que as mesmas não sejam cobradas do restante dos usuários diretamente). O que está acontecendo? É uma tática de ceder um pouco para protelar o modelo vigente de concessão privada e cobrança de tarifa ou apenas uma cooptação cosmética do discurso dos movimentos sociais, tais como o Movimento Passe Livre?
Paulo Cesar - Acho que tem um pouco de tudo. Mas, essencialmente, vejo que a manutenção da situação atual é insustentável. Os próprios aliados de classe dos empresários de transporte devem cobrar algum esforço de institucionalização do setor, porque é certamente difícil bancar a desregulamentação, a resistência a qualquer esforço de realizar licitações, e assim por diante. A concepção 100% mercadológica fica comprometida até pelos casos recentes de intervenção estatal nos mais diversos setores da economia nos países centrais do capitalismo. Alguma dose de atuação do Estado é admitida hoje pelos mais liberais mundo afora. Creio que o que se vê por aqui é reflexo disso. Afinal, para eles o risco maior é o esgotamento das fontes de receita, se tudo ficar dependendo de uma população economicamente frágil (a maioria dos usuários do transporte coletivo) para enfrentar as crises nos marcos do capitalismo. Seria diferente num contexto de ruptura com a ordem capitalista.
d. - É possível dizer que há um racha entre setores empresariais (indústria do automóvel particular versus empresários de transporte)? Hoje nós vemos associações industriais levantando dados sobre as perdas de lucros devido aos problemas de tráfego nos grandes centros?
Paulo Cesar - O capital não é tão monolítico como às vezes é pintado. Há sempre lutas em diferentes graus entre setores da produção. Os capitalistas se unem em torno de interesses gerais, mas não abrem mão de explorar seus setores da economia com maximização dos lucros. Há, sim, uma contradição entre operadores do transporte público e a indústria automobilística. As contradições ficavam menos visíveis quando as cidades ainda não tinham seus sistemas viários saturados. Ficava mais fácil cada setor explorar seu segmento de mercado (as classes médias e altas, motorizadas, e os excluídos, usuários cativos do transporte público) sem interferências um do outro. Nos dias de hoje a disputa por investimentos significa também disputar um mesmo público, uma parcela da população com acesso à propriedade do automóvel, mas disposta a abrir mão do uso dele em favor de modos mais racionais, sustentáveis de mobilidade. Esse pode ser o contorno de uma aliança entre movimentos populares, pela universalização do transporte público de qualidade.
d. - É possível traçar um paralelo entre o papel da crise de habitação nos EUA como estopim da recente crise global (a ausência de uma política pública para o setor, população castigada por arrochos salariais mergulhando em financiamentos para aquisição de imóveis e entrando em processo de inadimplência) com o contexto da produção e consumo de automóveis no Brasil? Apenas como exemplo, como publicado na Folha de S. Paulo no dia 28 de maio deste ano, só o Bradesco aumentou de 60 para 80 meses o prazo de financiamento de veículos novos. O próprio governo federal vem reduzindo sistematicamente os impostos para a produção de veículos…
Paulo Cesar - Não tenho muita dúvida quanto a isso, embora haja diferenças importantes entre a questão da habitação e a da motorização. A falta de políticas públicas habitacionais nos países centrais do capitalismo, especialmente nos Estados Unidos, é uma consequência da visão liberal de que o mercado pode tudo. Deu no que deu. A crise se espalhou por toda a economia e atingiu em cheio a indústria automobilística, cujos lucros, nos países centrais, estão associados ao luxo e não há expansão do mercado, já saturado. Nos países hoje chamados emergentes os índices de motorização são baixos, se comparados com os países centrais. Na lógica do capital, são mercados a serem explorados - e agora, em meio à crise, por uma questão de sobrevivência. O governo brasileiro aceitou cumprir esse papel, promovendo a renúncia fiscal para salvar aqui os lucros que as montadoras não podem realizar em seus países de origem. Uma política absolutamente submissa, irresponsável do ponto de vista da sustentabilidade da mobilidade urbana. Obviamente também há o risco da inadimplência generalizada, mas creio que como consequência da crise econômica, não como um de seus fatores determinantes, como no caso do mercado imobiliário estadunidense.
d. - O que você pensa a respeito da tarifa zero e da gestão pública do transporte coletivo?
Paulo Cesar - Eu concordo que o transporte público é um serviço público e, como tal, não deve ser financiado por seus usuários diretos. Concordo com a idéia de que a prestação do serviço deve ser garantida com recursos públicos, oriundos da arrecadação de tributos cobrados de toda a sociedade. Concordo também com a criação de contribuições dos beneficiários (setores econômicos que lucram com a existência de serviços de transporte de qualidade) e dos demais usuários da infraestrutura viária (o pedágio pago pelos usuários do automóvel, por exemplo).

Kassab admite que tarifa de ônibus "sempre é cara" para o usuário

Prefeito alega que preço da passagem é "compatível com as possibilidades da capital"
Publicado em 25/03/2011, 15:05
Última atualização às 17:43
São Paulo – O prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, afirmou nesta sexta-feira (25) que São Paulo tem uma tarifa de ônibus compatível com as possibilidades do município. Ele comparou o valor com o de cidades vizinhas (R$ 2,90), destacando que na capital os usuários chegam a fazer quatro viagens por R$ 3. Ele admitiu, porém, que os usuários do sistema municipal de transportes consideram que a tarifa "sempre é cara".
"Nosso esforço sempre é para fazer a tarifa mais barata possível, porque temos consciência de que para o trabalhador e para o usuário qualquer tarifa sempre é cara", disse. "O meu partido defende o maior subsídio possível para termos a menor tarifa possível", afirmou. A seguir, ele sublinhou que o Partido Social Democrático (PSD) sequer foi criado.
As explicações do prefeito foram apresentadas após a entrevista coletiva de lançamento da Virada Cultural 2011. No dia anterior, ativistas contrários ao aumento da tarifa de ônibus foram às ruas de São Paulo, passando por vias expressas, como a avenida 23 de maio, na 11ª quinta-feira consecutiva de protestos.
Na prática, Kassab tentou atribur a argumentos técnicos os motivos por que não aceita negociar redução da tarifa. Em 17 de fevereiro, em reunião com ativistas do Movimento Passe Livre, o secretário-adjunto de Transportes, Pedro Luiz de Brito Machado, afirmou que o reajuste de tarifas de ônibus na cidade havia sido uma decisão política e não técnica.
Durante a coletiva, o prefeito ainda evitou críticas à decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que determinou que a prefeitura apresente, em um prazo de 10 dias, as justificativas do aumento de 11,11%, sendo 5,91% acima do índice de inflação. "Quero cumprimentar o juiz por sua decisão, e evidentemente a prefeitura vai fornecer todas as informações relativas a planilha", respondeu Kassab.
Desde janeiro, quando a tarifa foi reajustada de R$ 2,70 para R$ 3, membros do MPL e vereadores de partidos de oposição cobram da Secretaria de Transportes a apresentação da planilha de custos. Os dados preliminares obtidos têm, segundo essas lideranças, inconsistências relacionadas ao gasto com combustível entre outros pontos. A administração municipal não divulgou os dados até o momento, o que motivou a ação judicial.
Questionado se haveria risco de vereadores de oposição apropriarem-se do tema e das críticas, Kassab contra-atacou. "É natural que as críticas venham de partidos. Se um partido ou vereador quiser aumentar subsídios de transportes (para baixar a tarifa), ele deve apontar de onde fossem cortados recursos, da Saúde, Educação, recapeamento, construção de creches? Faz parte da democracia, os partidos podem ter visões diferentes", pontuou.
Na saída do prefeito, dois militantes do MPL esboçaram um protesto, criticando a tarifa de ônibus. Contidos por seguranças, os ativistas ainda viram Kassab sorrir e acenar com as mãos, mostrando um "V", de "paz e amor".

Prefeitura de SP "inflaciona" preço do diesel para justificar aumento da tarifa de ônibus

Guilherme Balza 
Do UOL Notícias 
Em São Paulo



A Prefeitura de São Paulo justificou o aumento da tarifa de ônibus com base em preço de diesel superior à média comercializada no mercado. O reajuste, de R$ 2,70 para R$ 3 (11,1%), foi decretado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) em dezembro passado e entrou em vigor em 5 de janeiro deste ano.

Protesto em SP

Foto 23 de 23 - Manifestantes protestam em frente à Prefeitura de São Paulo contra o aumento da passagem de ônibus Mais Fernando Cavalcanti/UOL
A Lei Orgânica do município determina que, antes de o aumento começar a valer, o Executivo envie para a Câmara Municipal, com cinco dias de antecedência, documentos apresentando os custos que comprovem a necessidade do reajuste.
A prefeitura, então, encaminhou aos vereadores uma planilha elaborada pela SP Trans --autarquia municipal responsável pelo transporte em ônibus-- apresentando os gastos do mês de novembro de 2010 para explicar o aumento.
Na planilha, publicada no Diário Oficial do Município em 5 de janeiro, o preço médio do litro do diesel comprado das distribuidoras para abastecer os coletivos foi de R$ 1,8543, valor 8,75% maior do que foi pago em novembro de 2009, que foi de R$ 1,705.
Apesar de o diesel comprado pela prefeitura ter aumentado de um ano para o outro, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) mostra que, na verdade, o preço do combustível em São Paulo sofreu leve queda no período. Segundo a agência, o preço médio do litro de diesel vendido pelas distribuidoras na capital paulista era de R$ 1,702 em novembro de 2009 e de R$ 1,700 no mesmo mês em 2010.

Um terço do salário mínimo

O usuário que faz duas viagens de ônibus por dia na capital paulista gasta, por mês, R$ 180, um terço do salário mínimo atual (R$ 540).
Nota-se que, em novembro de 2009, o preço do litro do diesel comprado pela prefeitura (R$ 1,705) foi semelhante ao preço médio da ANP (R$ 1,702), diferentemente do que ocorreu na planilha atual (1,700 pela ANP e 1,8543 pela prefeitura).
Além de alegar que o litro do diesel aumentou, a administração municipal afirma também que o rendimento dos veículos diminuiu. Enquanto em 2009 os coletivos gastavam 0,48 litros de diesel para percorrer 1 km, em 2010 o rendimento caiu para 0,53 litros por km.
Em razão desses dois fatores --aumento do diesel e queda de rendimento dos veículos-- os gastos totais com combustível foram os que sofreram maior variação entre os principais itens da planilha apresentada pela prefeitura. Enquanto em novembro de 2009 foram gastos R$ 44,5 milhões só com diesel, no mesmo mês de 2010 o valor subiu para R$ 54 milhões, o que representa uma variação de 21,4%.
A elevação nos gastos com o combustível representa cerca de R$ 0,10 dos R$ 0,30 que foram aumentados na passagem. O valor gasto com o diesel mais caro (R$ 115 milhões) daria para construir 2.300 moradias populares, a R$ 50 mil, em um ano.
A prefeitura afirma que o preço do diesel comprado aumentou porque a planilha considera a adoção do diesel B20 --que contém 20% de biodiesel-- nos coletivos em 2011. Até agora, no entanto, apenas 1.200 coletivos dos quase 15 mil que compõem a frota de São Paulo operam com esse tipo de combustível. O restante da frota é abastecido com o diesel B5, que possui 5% de óleo vegetal.

44% usam transporte público

Em estudo sobre mobilidade urbana divulgado em janeiro deste ano, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apontou que 44% dos brasileiros dependem do transporte público para se locomover.
Além disso, a planilha apresentada na Câmara Municipal e publicada no Diário Oficial traz informações referentes ao que já foi gasto em novembro, e não uma projeção de gastos futuros.

SP: passagem mais cara do país

A passagem de ônibus em São Paulo é a mais cara entre todas as capitais do país. No Rio de Janeiro e em Salvador, a passagem custa R$ 2,30. Em Fortaleza e Belém, a tarifa é R$ 1,80 e R$ 1,85, respectivamente. Em Curitiba, a passagem custa R$ 2,20.
O valor da tarifa na capital paulista variou, entre janeiro de 2005 e janeiro de 2011, de R$ 1,70 para R$ 3, o que representa um aumento de 76%, mais do que o dobro da inflação do período, que foi de 32,5%, segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) medido pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Mesmo com o aumento da tarifa, os subsídios pagos pela prefeitura às concessionárias aumentaram de R$ 224 milhões para R$ 660 milhões entre 2005 e 2010. Uma das justificativas de Gilberto Kassab para o último aumento da tarifa, inclusive, é que os subsídios serão reduzidos neste ano.
Contudo, no orçamento do município, os subsídios para as concessionárias subiram para R$ 743 milhões no ano, embora o prefeito afirme que a prefeitura não pretende empenhar todo o valor orçado no pagamento dos subsídios e que deverá investir uma parte do montante em obras de drenagem.
Sobre o reajuste, a Secretaria Municipal dos Transportes (SMT) afirma que a nova tarifa “busca equilibrar o valor da passagem e o valor investido nas compensações tarifárias, que beneficiam cerca de 1,8 milhão de passageiros (idosos e deficientes que não pagam a passagem e estudantes que pagam 50% da tarifa).”

Precariedade do transporte

Na mesma pesquisa do Ipea, 28,91% dos entrevistados afirmaram que desistiram de ir a algum lugar porque não tinham dinheiro para pagar a passagem; outros 35,3% já tiveram que deixar de ir a algum lugar porque não havia transporte público; e 36,52% porque não havia linhas no horário em que precisavam do transporte.

Protestos

Desde que a nova tarifa entrou em vigor, pelo menos seis protestos foram organizados nas ruas do centro e na avenida Paulista pelo Comitê contra o Aumento da Passagem, grupo formado por partidos políticos, grêmios estudantis, sindicatos, associações de bairro e pelo Movimento Passe Livre. Em duas manifestações houve intervenção da polícia.
Na última delas, no dia 17, vereadores petistas que participavam do ato foram agredidos por policiais militares. Um manifestante teve o nariz quebrado ao ser reprimido pela polícia, segundo ele. A PM afirma que agiu para manter a ordem, já que manifestantes atiraram rojões, lixeiras, entre outros objetos, contra os policiais. A Corregedoria da PM abriu processo administrativo para apurar as denúncias de abuso policial.
Uma nova manifestação foi convocada para esta quinta-feira (24), às 17h, em frente ao Teatro Municipal, no centro.

sábado, 26 de março de 2011

Passo Fundo/ RS - COLEURB E TRANSPASSO ENCAMINHAM PEDIDO DE AUMENTO

Passagem a R$ 2,47. Esse é o pedido feito pelas empresas privadas de transporte coletivo à prefeitura. Estudantes e movimentos sociais prometem mobilizações.

As empresas privadas de transporte coletivo de Passo Fundo, Coleurb e Transpasso, protocolaram nesta quinta-feira, 24, na Prefeitura Municipal, um pedido de reajuste da tarifa dos ônibus urbanos.

A secretária de Transportes e Serviços Gerais, Mariniza dos Santos afirma que a proposta das empresas é que a passagem passe dos atuais R$ 2,20 para R$ 2,47. 

Essa sugestão e as planilhas de custos vão ser analisadas pelo Conselho Municipal de Transportes no dia 31. Na mesma oportunidade será definida a data em que será realizada uma audiência pública, para que toda a população possa se manifestar sobre o reajuste.
 
 
Ao saber do aumento da passagem o Comitê em defesa do transporte público, que reúne entidades estudantis, juvenis e também sindicatos e movimentos sociais, se reuniu para propor ações em protesto à possibilidade de reajuste.

O comitê repudia o aumento, defende a diminuição da passagem de ônibus em Passo Fundo. Devem ser organizados abaixo-assinados, além de intervenções pela cidade. Além disso, o comitê marcou uma reunião aberta na praça Tochetto, na terça-feira, 29, para deliberar sobre a mobilização que pretendem fazer no dia da reunião do Conselho Municipal de Transportes.

sexta-feira, 25 de março de 2011

RJ - Barcas S/A ganha isenção de ICMS sobre passagens e deixa de circular durante madrugada

Estação da barca na madrugada. Foto de Fernando Quevedo
RIO - As barcas que fazem a ligação entre o Rio e Niterói vão parar de circular entre a meia-noite e as 5h, horário considerado de baixa procura. A mudança faz parte de um termo de compromisso acertado entre a Barcas S.A., que explora a concessão, e o governo do estado. O acordo inclui também a isenção do pagamento de ICMS sobre o valor dos bilhetes.
- Para se ter uma ideia da baixa procura pelo serviço na madrugada, a média por dia, de embarque de passageiros, de setembro a dezembro do ano passado, foi de 95 por madrugada. Ou seja, há casos de embarcações que saem com oito ou dez passageiros, embora o custo dessa operação seja altíssimo. Contudo, os passageiros não serão pegos de surpresa. Eles terão, no mínimo, 30 dias para serem avisados regularmente. A opção dos ônibus permanece - garante o secretário-chefe da Casa Civil, Regis Fichtner
A isenção de ICMS acarretará uma economia de R$ 3 milhões por ano para a empresa, dinheiro que a concessionária promete investir na qualidade do serviço prestado, de acordo com Fichtner. A isenção começa a valer a partir desta sexta-feira, data da publicação do decreto.
- Havia uma distorção na Barcas. Nenhuma empresa que presta serviços públicos ao estado, como Metrô e SuperVia, paga ICMS. Isso por que o objetivo do estado não é arrecadar, e sim baratear o transporte e melhorar a sua qualidade - explicou o secretário.
O estado abrirá nas próximas semanas um processo para a licitação da compra de, pelo menos, seis novas embarcações, ao custo total de R$ 300 milhões. A compra de novos barcos é necessária, segundo o governo, devido à demanda de passageiros e as condições de algumas das antigas embarcações.
- Algumas delas quebram com frequência e são mais poluentes por que são antigas. Essas serão substituídas por novas, mais modernas e mais confortáveis - disse Fichtner.
Briga por barcas durante a madrugada
Essa não é a primeira vez que a Barcas S/A deixa de oferecer o serviço durante a madrugada. No período entre novembro de 2008 e outubro de 2010, a empresa parou de operar no horário. À época, o então superintendente Luiz Marinho afirmou que a empresa não tinha como arcar com as viagens noturnas. Um decisão do Superior Tribunal de Justiça, no entanto, obrigou a empresa a voltar a oferecer o serviço .
Na quarta-feira, um catamarã que seguia da Praça XV para a estação de Charitas, em Niterói,apresentou um defeito por causa da grande quantidade de lixo que se acumulou no motor . O problema causou atrasos no embarque de passageiros que seguiriam para o Rio. Segundo clientes da concessionária que estavam no local, houve um pequeno tumulto na estação em função das grandes filas que se formaram e da falta de informações sobre o transtorno. A polícia chegou a ser chamada para conter os ânimos.
Na segunda-feira, um incidente na estação das barcas da Praça XV assustou passageiros que vinham da Ilha do Governador. Por volta das 7h40m, o catamarã Avatare bateu de forma mais forte do que o normal na proteção lateral de um dos flutuantes de embarque e desembarque. E, com o choque, de acordo com passageiros, pessoas que estavam em pé na embarcação caíram no chão, e algumas chegaram a se machucar.