quinta-feira, 1 de setembro de 2011

[Teresina] Repressão à Manifestação Contra Aumento de Passagem – CMI Brasil


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29 de Agosto de 2011 – 22h10
Estudantes tomam as ruas de Teresina e param o centro da cidade lutando contra aumento de passagem e por boas condições no transporte público municipal
No anoitecer da última sexta-feira, em plena mobilização da Parada da Diversidade, os cidadãos de Teresina foram pegos de surpresa pelo aumento das passagens por parte da prefeitura.
A questão do transporte público em Teresina é bastante complicada. As empresas que operam o sistema funcionam desde 1988 sem qualquer tipo de licitação, há anos. A chamada “Planilha de Cálculo Tarifário – Instruções Práticas e Atualizadas do Grupo de Estudos para Integração da Política de Transporte (GEIPOT)”, que define os custos e dita o valor da passagem de ônibus, é de 94, totalmente desatualizada, de difícil obtenção pela população e é contestada pelo Promotor de Justiça Fernando Santos. Além disso, a cidade é a única capital do país onde não há integração de linhas.
Ano passado, o referido promotor entrou com ação no Tribunal de Justiça – Piauí para impedir o aumento da passagem de R$ 1,75 para R$ 1,90, alegando, entre outras questões, que a GEIPOT está desatualizada e o cálculo do índice de aumento a partir dela é irreal.
 
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O processo correu de acordo com a morosidade da justiça e, este ano, quando os empresários, reunidos no sindicato patronal SETUT, já articulavam com a prefeitura o aumento da passagem para R$ 2,10, a decisão da justiça deu ganho de causa ao promotor, e foi expedida uma liminar para que a prefeitura retornasse o valor das passagens ao R$ 1,75.
A prefeitura entrou então com uma liminar para garantir os R$ 1,90 aos empresários do sistema de transporte e, sem fazer auditora na GEIPOT, iniciar processo licitatório nas linhas ou mesmo indicar o processo de integração, na última sexta-feira aumentou as passagens para R$ 2,10. Isso desencadeou reação do Fórum em Defesa do Transporte Público de Teresina, que reúne várias entidades político-partidárias sindicais ou estudantis, a convocarem um ato para a segunda, dia 29.
O ato começou com concentração na Av. Frei Serafim, principal via da cidade, e os manifestantes fizeram o trajeto até a prefeitura, onde estas entidades congregadas no Fórum deram por encerrada a manifestação.
Entretanto, a vontade dos estudantes e populares ali presentes era continuar com o ato. Assim, houve uma divisão e estes estudantes e populares, a grande maioria desvinculados de coletivos partidários, resolveu ocupar a sede do SETUT, ocupar ônibus, pular catraca e muito mais.
Com a manifestação se intensificando, os estudantes pararam a Av. Frei Serafim novamente e resultou num engarrafamento generalizado no centro da cidade.
Para dispersar a população que lutava por melhores condições no transporte público e contra o aumento da passagem, as forças policias foram acionadas e se utilizaram de truculência contra os manifestantes, a maioria estudantes.
A tropa de choque chegou ao local e passou a utilizar spray de pimenta, bombas de efeito moral e balas de borracha contra os manifestantes. Um dos jovens desmaiou de tanto spray de pimenta jogado sobre seu rosto. Um estudante foi atingido na perna por uma bala. Também um motorista, se achando representante de seu patrão, atropelou um estudante que, por pouco, não saiu gravemente lesionado.
6 estudantes foram presos (2 menores de idade) e vários agredidos. Alguns ônibus tiveram vidraças destruídas e pneus furados.
Ao final, os estudantes se dirigiram à Central de Flagrantes para exigir a libertação dos manifestantes presos, o que ocorreu ao final da noite.
As mobilizações em Teresina irão continuar, já foi marcado um ato para amanhã a partir das 12h na Av. Frei Serafim. A luta em favor do transporte público de qualidade está se radicalizando na cidade, dado que todas as instituições públicas que poderiam fazer algo pouco ou nada fazem, e até os meios legais viraram motivo de chacota por parte da prefeitura.
Outra questão interessante de se notar é que esse ato, de verdade, partiu principalmente dos estudantes e populares que estavam fora do Fórum, e o Fórum, ao “decretar o fim da mobilização”, se distanciou dos manifestantes e da luta que aconteceu na cidade.
Mais:
23/08 – STJ vai definir valor da passagem em Teresina –  Clica Piauí
31/08 – Leonardo Ramon: Os protestos em Teresina – Vi o mundo

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