sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Trensurb: passageiros convivem com longas filas e trens lotados



O Sul21 conversou com usuários e com a direção da Trensurb sobre os problemas nos trens e as sugestões para a melhoria do transporte | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
André Carvalho
Nos trens da Trensurb são transportados diariamente cerca de 170 mil usuários por dia entre Porto Alegre e São Leopoldo. Com a extensão até Novo Hamburgo, programada para 2012, serão mais 30 mil passageiros. Apesar de ser um meio de transporte mais ágil e ecológico, desobstruindo o trânsito da BR-116, por onde circulam aproximadamente 115 mil veículos todos os dias, os usuários andam descontentes com o funcionamento, não só dos trens, mas também de suas estações.
Ao longo da semana, o Sul21 andou da estação Mercado, no centro de Porto Alegre, até o fim da linha, em São Leopoldo, para observar o funcionamento dos trens e conversar com passageiros sobre os problemas e as sugestões para a melhoria do transporte.
Trens lotados
“Voltando do centro para casa é tranquilo, mas de manhã, quando vou para aula, tem tanta gente que às vezes nem consigo entrar no trem. Já cheguei atrasada diversas vezes por isso”, reclama a estudante de nutrição Ana Paula Reyes, moradora de Canoas.
Para tentar solucionar esse problema, a Trensurb recentemente colocou em prática o seu projeto para desafogar o tráfego intenso de passageiros nos horários de pico, após pesquisa com seus usuários. Com o novo serviço, nestes horários os trens se intercalam com viagens entre Mercado–São Leopoldo e Mercado–Sapucaia do Sul.

Durante a paralisação dos metroviários, longas filas se formaram na estação Unisinos | Foto: Priscila Rodrigues/Twitpic
Com isso, segundo a empresa, o horário de pico entre Sapucaia e Mercado, de manhã, e Mercado e Sapucaia, de tarde, é ampliado no sentido de maior fluxo e aumenta o número de viagens com intervalo mínimo de quatro minutos. Isso faz com que sejam gerados 2.160 lugares adicionais no pico da manhã e mais 2.160 lugares no pico da tarde.
Também faz parte do projeto a ampliação da frota atual, de 25 trens com quatro vagões cada, para 32 trens de seis vagões, o que aumentaria a capacidade de transporte em 50%. Segundo o gerente de operações da Trensurb, Rubenildo Ignácio, essa fase ainda não está em execução. “O trem tem uma lotação de 1080 e tem que andar cheio para se justificar a sua existência. Hoje, dos 25 trens, 20 entram em funcionamento em horários de pico. Quando as viagens começarem a ir até Novo Hamburgo, passaremos a trabalhar com 23. A troca dos trens passará a ser discutida quando estivermos próximo a utilizar todos os carros”, explica.
Filas longas e escadas rolantes em manutenção
Outro ponto levantado pelos usuários diz respeito às extensas filas nos guichês de compra das passagens. Para Júlio Menezes, torneiro mecânico em Esteio, o problema poderia ser resolvido com a ampliação do quadro de trabalhadores da empresa. “Quando eu chego na estação Rodoviária, por volta das 8h, vejo quatro cabines e uma longa fila para comprar as passagens, pois apenas uma está em funcionamento no horário”, queixa-se Menezes.
O problema não é exclusividade da estação Rodoviária. O Sul21 observou que o mesmo acontece na estação Mercado, que também possui quatro bilheterias, mas somente duas estavam atendendo os passageiros no horário das 17h30 da última terça-feira (13).

Passageiros reclamam que boa parte das escadas rolantes não funciona. Trensurb diz que equipe de manutenção é uma para 30 equipamentos | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Menezes também aponta os constantes problemas nas escadas rolantes das estações. “A escada que dá acesso à plataforma onde se pega o trem na estação Rodoviária ficou pelo menos dois meses em conserto. Voltou a funcionar por uma semana e estragou de novo. Até há pouco seguia desativada”, conta.
O estudante de administração, Lucas Couto, também apontou esse problema na estação Unisinos. “Se não é a escada rolante que dá acesso à plataforma, é a da plataforma para a estação. E se não é nenhuma das duas, é a escada que leva da estação para o pátio externo, onde ficam os ônibus. Parece que elas ficam numa constante manutenção rotatória”, brinca.
O estudante tem uma sugestão: “Sou morador de Esteio e frequentemente vou a Porto Alegre nos finais de semana. Bom seria se houvesse um trem, nem que fosse de hora em hora, para poder voltar pra casa de madrugada sem ter que pegar a BR-116. Acho que isso reduziria o número de acidentes na via”.
Segundo o gerente de operações da Trensurb, a manutenção dos trilhos acontece nos horários da madrugada. “A idéia é muito boa, porém quando o último trem vai para o estacionamento, nossa equipe ‘entra em campo’”. Ignácio explica, no entanto, que o trem funciona em horários além do seu normal quando necessário. “Com a Expointer, ou quando tem algum show muito grande em São Leopoldo ou Canoas, colocamos alguns trens em funcionamento depois das 23h25”, afirma.
Sobre a questão das longas filas, Ignácio afirma que não há a possibilidade de colocar funcionários para suprir a demanda do horário de pico. “Os horários de maior fluxo de usuários duram entre uma hora e meia a duas horas. Se usássemos todas as bilheterias, certamente diminuiria as filas, mas o que os demais trabalhadores ficariam fazendo nos horários de baixo movimento?”, questiona.
Direção da Trensurb afirma que tarifa deve aumentar em 2012 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Segundo o gerente de operações da Trensurb, os usuários são incentivados a aderirem ao cartão SIM, para evitar as filas. Em relação às escadas rolantes, Ignácio reconhece o problema, porém declara que isso é uma situação quem vem sendo constantemente trabalhada. “Temos 30 escadas rolantes, onde eventualmente há alguma com problema. A equipe de manutenção é uma só. Temos que dar prioridade àquela em que a demanda é maior”, aponta. Há um projeto na Trensurb para instalar elevadores em todas as estações.
Aumento da passagem
Quando questionado sobre a possibilidade de um possível aumento das tarifas com a expansão até Novo Hamburgo e a discussão sobre a meia-passagem para estudantes, Rubenildo Ignácio é enfático. “A passagem não pode ficar defasada, já estamos há quase dois anos com o valor em R$ 1,70. Ano que vem haverá reajuste, mas esse aumento não tem nada a ver com a extensão a Nova Hamburgo e sim com as necessidades econômicas da Trensurb.”
De acordo com o gerente, a meia passagem é discutida pela empresa, mas até o momento não há previsão de colocá-la em prática. “O valor das passagens de trem está muito abaixo dos demais transportes públicos da capital e região metropolitana”, justifica.
Com a expansão dos trilhos até Novo Hamburgo, outros 30 mil passageiros passarão a usar o trem | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Expansão a Novo Hamburgo
No ano em que comemora os seus 26 anos de funcionamento, a Trensurb – que tem 33,8 quilômetros de extensão e 17 estações entre Porto Alegre e São Leopoldo, passando por Canoas, Esteio e Sapucaia do Sul –, segue seu projeto de expansão, iniciado em 2009, em mais de nove quilômetros até Novo Hamburgo, instalando cinco novas estações.
Orçada em mais de 690 milhões de reais, a obra faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e tem como objetivo ser concluída em setembro de 2012. Inicialmente, o contato definia fevereiro como prazo final.

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